Veja o que você precisa saber sobre o acordo do TikTok nos EUA

O TikTok, pertencente à empresa chinesa ByteDance, está no centro de uma controvérsia nos EUA há quatro anos devido a preocupações sobre o possível acesso do governo chinês aos dados dos usuários.

Como resultado, os usuários norte-americanos frequentemente se encontram no meio dessa tensão. No início deste ano, o aplicativo sofreu uma interrupção temporária nos EUA, deixando milhões de usuários em suspense antes de ser rapidamente restaurado. O TikTok retornou à App Store e ao Google Play Store em fevereiro. 

Diversos investidores competiram para adquirir o aplicativo e, após Trump estender o prazo para o banimento do TikTok pela quarta vez, a disputa finalmente chegou ao fim. Na semana passada, o TikTok assinou oficialmente um acordo para alienar uma parte de sua entidade nos EUA para um grupo de investidores americanos.

Isso ocorre quase três meses após o presidente Donald Trump assinar uma ordem executiva que aprova a venda das operações do TikTok nos EUA para um grupo de investidores americanos.

Uma semana antes, o presidente Trump anunciou que o presidente Xi Jinping, da China, havia dado sua aprovação para um acordo do TikTok, permitindo que um consórcio de investidores americanos controlasse a plataforma. A ByteDance declarou publicamente que garantiria a permanência da plataforma disponível para os usuários americanos.

Quem é o dono do TikTok nos EUA?

De acordo com um memorando visto pela TechCrunch, o grupo de investidores é composto pela Oracle, pela empresa de private equity Silver Lake e pela firma de investimentos MGX. Juntas, elas deterão 45% da operação nos EUA, enquanto a ByteDance manterá quase 20% de participação. O Axios foi o primeiro a relatar a notícia, citando fontes que estimam o valor do TikTok EUA em aproximadamente US$ 14 bilhões — um valor também mencionado pelo vice-presidente JD Vance.

Em setembro, um relatório indicou que um acordo de "estrutura" foi estabelecido entre os EUA e a China, com um consórcio de investidores — incluindo Oracle, Silver Lake e Andreessen Horowitz — supervisionando as operações do TikTok nos EUA. Esperava-se que esses investidores detivessem 80% de participação, e as ações restantes pertenceriam aos acionistas chineses.

A recém-formada “TikTok USDS Joint Venture LLC” supervisionará as operações do aplicativo, incluindo proteção de dados, segurança de algoritmos, moderação de conteúdo e garantia de software.

A Oracle atuará como parceira confiável de segurança, responsável por auditar e garantir a conformidade com os Termos de Segurança Nacional, conforme o memorando. A empresa já fornece serviços em nuvem para o TikTok e gerencia os dados dos usuários nos EUA. Vale destacar que a Oracle já havia feito uma oferta pelo TikTok em 2020.

Um representante da Casa Branca disse anteriormente que a Oracle replicaria e protegeria uma nova versão americana do algoritmo, e os proprietários do TikTok baseados nos EUA poderiam alugar o algoritmo da ByteDance, que então seria retreinado pela Oracle. 

A ByteDance não terá acesso às informações dos usuários do TikTok nos EUA nem influência sobre o algoritmo americano.

O fechamento do acordo está previsto para 22 de janeiro de 2026.

O que os usuários dos EUA devem saber

Relatórios da Bloomberg indicam que, quando o acordo for finalizado, o aplicativo TikTok será descontinuado nos EUA e os usuários precisarão migrar para uma nova plataforma. No entanto, os detalhes dessa plataforma permanecem amplamente desconhecidos, incluindo suas funcionalidades e como ela será diferente do aplicativo original. 

Como chegamos até aqui?

Para compreender totalmente esse drama de alto risco, primeiro vamos relembrar a linha do tempo do relacionamento tumultuado do TikTok com o governo dos EUA, que resultou em várias batalhas legais e negociações. 

O drama começou em agosto de 2020, quando Trump assinou uma ordem executiva para banir transações com a empresa-mãe ByteDance. 

Um mês depois, o governo Trump buscou forçar a venda das operações do TikTok nos EUA para uma empresa americana. Os principais concorrentes incluíam Microsoft, Oracle e Walmart. No entanto, um juiz dos EUA bloqueou temporariamente a ordem executiva de Trump, permitindo que o TikTok continuasse operando enquanto a batalha judicial se desenrolava. 

As coisas começaram a avançar ainda mais no ano passado, após a transição para o governo Biden. Depois que o Senado aprovou o projeto de lei contra o TikTok, o presidente Joe Biden o assinou.

Em resposta, o TikTok processou o governo dos EUA, contestando a constitucionalidade da proibição e argumentando que o aplicativo e seus usuários americanos estavam tendo seus direitos da Primeira Emenda violados. A empresa tem negado consistentemente que represente uma ameaça à segurança, afirmando que seus dados armazenados nos EUA estão em conformidade com todas as leis locais.

Avançando para hoje: Trump mudou de opinião desde seu primeiro mandato e está tentando alcançar um acordo de propriedade 50-50 entre a ByteDance e uma empresa americana. 

Houve vários concorrentes, incluindo The People’s Bid for TikTok, um consórcio organizado pelo fundador da Project Liberty, Frank McCourt. Este grupo conta com o apoio da firma de investimentos Guggenheim Securities e do escritório de advocacia Kirkland & Ellis. Entre os apoiadores estão o cofundador do Reddit, Alexis Ohanian, o investidor e personalidade de TV Kevin O’Leary, o inventor da World Wide Web Tim Berners-Lee e o cientista sênior David Clark.

Outro grupo, chamado American Investor Consortium, é liderado pelo fundador da Employer.com, Jesse Tinsley, e inclui o cofundador da Roblox, David Baszucki, o cofundador da Anchorage Digital, Nathan McCauley, e o famoso YouTuber MrBeast.

Outros na disputa incluíram Amazon, AppLovin, Microsoft, Perplexity AI, Rumble, Walmart, Zoop, o ex-CEO da Activision Bobby Kotick e o ex-secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.

A matéria foi atualizada após a publicação.